Objetivo é denunciar os aspectos nocivos da plataformização e exigir o fim da obrigatoriedade do uso nas salas de aula
A APP realiza nesta terça-feira (7) o segundo dia de Plataforma Zero nas escolas da rede pública estadual neste ano. O objetivo é denunciar os aspectos nocivos da plataformização do ensino e dar visibilidade à reivindicação de que o uso das plataformas deixe de ser obrigatório nas salas de aula, já que a cobrança tem se intensificado neste ano de 2024.
O Sindicato preparou cartazes para o dia de Plataforma Zero. Os(as) educadores(as) podem imprimir o material, fazer fotos com ele diante de um computador da escola e enviar por aqui. A APP vai publicar nas redes sociais as fotos que forem enviadas.
Outras datas de Plataforma Zero já estão definidas: em maio, dias 15 e 23; em junho, dias 3, 11, 19 e 27; em julho, dia 5.
O fim da obrigatoriedade do uso dessas plataformas digitais nas salas de aulas é urgente, defende a APP. Neste ano, no dia de luta e memória do Massacre do Centro Cívico, ocorrido em 29 de abril de 2015, teve protesto Plataforma Zero nas escolas.
Pesquisa realizada pela APP-Sindicato no ano passado apontou que mais de 70% dos(as) professores relataram adoecimento pelo uso de plataformas digitais e 83% afirmaram que os recursos não melhoraram o aprendizado dos(as) estudantes.
Já são mais de 20 plataformas e aplicativos educacionais impostos pela Secretaria da Educação do Paraná a professores(as) e estudantes
Manifesto
Professores(as) do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgaram em 2023 o manifesto “A privatização da educação pública no Paraná: a utilização das plataformas digitais”, em que denunciam o avanço da privatização da escola pública sob a gestão de Ratinho Jr.
De acordo com a publicação, as diretrizes da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed) estão contaminadas pelos interesses do empresariado, o que leva o governo a comprar materiais que não correspondem às necessidades dos(as) estudantes.
“A adoção das plataformas digitais pela rede estadual materializa um projeto de educação para satisfazer os interesses privados, e não os da coletividade, da sociedade”, diz o manifesto.
Para os(as) professores(as) da UFPR, essa política submete a rotina do ambiente escolar à lógica privada, indo na contramão da gestão democrática e prejudicando a autonomia pedagógica, financeira e administrativa das escolas.
Pesquisa
A APP-Sindicato contratou em 2023 um estudo para compreender a percepção da categoria sobre os impactos do uso intensivo de plataformas digitais na qualidade do ensino-aprendizagem, nas condições de trabalho e no adoecimento dos(as) educadores(as).
A pesquisa “Plataformização da Educação” foi realizada pelo Instituto IPO entre os dias 28 de junho e 7 de julho de 2023, com 300 professores(as), pedagogos(as) e diretores(as) da ativa sindicalizados(as) à APP.
Mais de 70% relataram adoecimento pelo uso de plataformas digitais. Quase a totalidade (91,3%) se declararam sobrecarregados(as) com a avalanche de plataformas, aplicativos e meios tecnológicos somados à cobrança pelo cumprimento de metas.
Já 74,3% reconhecem impactos negativos do modelo na sua saúde física e mental, enquanto uma parcela maior (78,3%) afirma ter colegas que adoeceram em decorrência das dificuldades impostas pelas novas tecnologias.
Noventa por cento dos(as) respondentes concordam que as plataformas deveriam ser de uso opcional nas escolas, servindo como instrumentos de apoio pedagógico e não de uso obrigatório.
Fonte: APP Sindicato