O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Serviço Público de Saúde do Paraná (SindSaúde-PR) organiza nesta terça-feira (8), a partir das 9h, no Palácio do Iguaçu, ato em resposta ao que considera ser a falta de comprometimento da gestão Ratinho Júnior (PSD) em atender às demandas da categoria.
A manifestação, que pretende reunir servidores de diversas regiões do Paraná, tem como foco a luta por melhorias nas condições de trabalho, reajuste da tabela salarial e a revisão da Gratificação de Atividade em Saúde (GAS), questões que têm sido, segundo o Sindicato, sistematicamente ignoradas pela administração estadual.
Entenda o que vem acontecendo
Profissionais da saúde têm enfrentado inúmeros desafios nos últimos anos, desde a falta de reajustes salariais até as precárias condições de trabalho em diversas unidades de saúde. Segundo Gilson Luiz Pereira Filho, membro da diretoria estadual do SindSaúde-PR, a decisão de realizar o ato é uma resposta à ausência de diálogo com o governo do Paraná, que tem evitado negociações essenciais para a categoria.
“Estamos lutando por um reajuste justo da Gratificação de Atividade em Saúde e pela revisão da tabela salarial dos trabalhadores de nível fundamental. São demandas que não podem mais ser ignoradas”, afirma.
A GAS, uma gratificação destinada exclusivamente aos servidores da saúde, teve uma negociação inicial considerada positiva pelo Sindicato, mas ainda não se concretizou em forma de projeto com o percentual de reajuste. Para Gilson “esse avanço inicial foi importante, mas a categoria precisa de respostas definitivas.”
Há quase três meses, o atual secretário de saúde, Cesar Neves, prometeu apresentar uma proposta sobre o reajuste da GAS.
União das pautas
Uma das estratégias centrais da manifestação é a união das pautas da GAS com a da revisão da tabela salarial dos trabalhadores de nível fundamental. Gilson explica que essa decisão foi motivada pela percepção de que ambas as questões estão ligadas à valorização dos profissionais que atuam diretamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Depois da reestruturação das carreiras, muitos trabalhadores de nível fundamental tiveram reajustes muito abaixo da média. Estamos falando de profissionais que, apesar de terem ingressado na carreira com nível fundamental, hoje possuem qualificações superiores e desempenham funções importantes dentro do SUS. Não estamos pedindo nada além de justiça e reconhecimento Isso é uma injustiça que precisa ser corrigida”, destaca.
As condições precárias de trabalho e a pressão por resultados
Outro fator que tem levado à mobilização é a deterioração das condições de trabalho em várias unidades de saúde, especialmente em Londrina. Conforme noticiado pelo Portal Verdade, os prédios da 17ª Regional de Saúde, Farmácia Especial e da Seção de Assistência Farmacêutica (SCAFAR), todos localizados em Londrina, apresentam péssimas condições, incluindo falta de manutenção e levando a risco de acidentes.
Na Farmácia Especial, por exemplo, os trabalhadores enfrentam frequentemente o desabastecimento de água, o que não só afeta a rotina dos servidores, mas também provoca atrasos e dificulta o atendimento aos pacientes do SUS.
O Sindicato notificou a diretoria da 17ª Regional de Saúde de Londrina sobre os problemas, mas até agora não recebeu nenhuma resposta.
Preocupação com o futuro das aposentadorias
Somando às reivindicações, o ParanaPrevidência também está sob pressão devido à falta de reposição de servidores por meio de concursos públicos. A terceirização e o abandono das contratações formais comprometem a sustentabilidade do sistema previdenciário, levantando dúvidas sobre o futuro das aposentadorias.
“Se nós não começarmos novamente a repor trabalhadores via concurso público, serão muito complexas as situações de aposentadorias num futuro próximo. O estado do Paraná não só negligência os aposentados, mas também compromete a saúde financeira da ParanaPrevidência ao terceirizar serviços e abandonar as contratações por concurso”, critica Gilson Luiz.
Expectativas
A mobilização é considerada a última tentativa de sensibilizar o governo do estado para as demandas dos trabalhadores da saúde. O protesto dos trabalhadores da saúde também visa chamar a atenção para a desestruturação do SUS e as consequências da terceirização dos serviços públicos.
Confira abaixo as pautas levantadas pelos trabalhadores:
- Nove anos é o tempo que o reajuste da Gratificação de Atividade da Saúde (GAS) é desrespeitado;
- Isso gerou 52,50% de defasagem da GAS;
- Um ano é o tempo de espera pela revisão da tabela salarial dos trabalhadores do ensino fundamental;
- Os trabalhadores de nível fundamental seguem com os salários rebaixados, sem valorização pelo seu trabalho.
Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos sob supervisão.