Eram 23 trabalhadores em uma fazenda, sendo dois menores
São Paulo – Um total de 23 quilombolas foi resgatado de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda no interior de Minas Gerais. Segundo os auditores-fiscais do Trabalho, 18 deles vinham dos municípios de São Francisco e Chapada Gaúcha e cinco, do interior da Bahia. Dois eram menores de idade.
De acordo com a fiscalização, eles estavam em uma área de desmatamento para cultivo de sementes para formação de pastagem. A fazenda é próxima do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, cujo nome homenageia o escritor Guimarães Rosa.
Longe de tudo
As vítimas teriam sido aliciadas por um “gato” contratado pelo proprietário da fazenda. Todos foram alojados em uma edificação em ruínas às margens de uma estrada de terra, em local de difícil acesso, a 50 quilômetros da cidade mais próxima. E sem qualquer transporte que garantisse liberdade de locomoção.
Os trabalhadores não tinham registro em carteira, e os pagamentos eram retido até a “conclusão das atividades”. Alguns deles disseram que estavam no local havia mais de cinco meses, sem receber ou ir até alguma área urbana.
Endividamento
Além disso, o empregador mantinha uma pequena mercearia no local, onde praticava preços acima do mercado. Vendia também equipamentos básicos de proteção individual (EPIs), fumo e bebidas alcóolicas, inclusive aos menores. Com isso, eles ficavam endividados. Os trabalhadores apelidaram esse sistema de “robal”.
O barraco em que ficavam não tinha energia elétrica suficiente e nem tratamento de água. Também não havia banheiros: as necessidades fisiológicas eram feitas nas proximidades, e os banhos eram improvisados com baldes e canecos. As refeições eram preparadas sem qualquer higiene. Nos quartos, era comum a entrada de animais por frestas – a fiscalização encontrou galinhas andando nas camas.
Assim, além dos auditores-fiscais, participaram da ação representantes do Ministério Público do Trabalho e agentes da Polícia Rodoviária Federal. As vítimas receberam verbas salariais e guias de seguro-desemprego.
Com informações da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) e do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (Sinait).
Fonte: Rede Brasil Atual