As eleições de 2024 devem representar um marco na participação político-eleitoral das mulheres em eleições majoritárias em Londrina. Além de duas candidatas cabeça de chapa para prefeita, outras três lançaram-se como vice, totalizando cinco mulheres na disputa.
A educadora Isabel Diniz, do Partido dos Trabalhadores (PT), compôs a primeira chapa 100% feminina da história da cidade, tendo Márcia Bastos, presidente do diretório municipal do PCdoB, como candidata a vice.
A professora Maria Tereza, do Progressistas (PP), ex-secretária de educação da gestão Marcelo Belinati, também concorre a prefeita, mas tendo o vereador Eduardo Tominaga como vice.
As demais mulheres compõem chapa com políticos já conhecidos. A bióloga Mariana Grotti é vice do deputado Tercílio Tercílio Turini (MDB) e a empresária Herika Galli, vice do deputado federal Diego Garcia (Republicanos).
Nenhuma das mulheres na disputa nas eleições majoritárias já ocupou cargo eletivo. Isabel Diniz concorreu a vice-prefeita na chapa do advogado Carlos Scalassara em 2020 e a deputada estadual em 2022, em uma candidatura coletiva, mas não foi eleita. Herika Galli concorreu a vereadora em 2020. Maria Tereza concorreu a vice-prefeita e vereadora, mas no município de Ourinhos (SP), onde também foi secretária de educação. As demais são estreantes nas urnas.
‘A vez das mulheres chegou’
À Rede Lume, Isabel Diniz declara que “a vez das mulheres chegou” e que uma chapa 100% feminina levará Londrina “a dar um salto”.
Para a candidata, as mulheres conhecem a realidade das periferias e as reais necessidades da população.
“São quase 300 mil mulheres, das quais 60% vivem em domicílios com renda de até 3 salários mínimos. Precisamos de uma prefeita que estimule e invista no empreendorismo das mulheres das comunidades da periferia com microcrédito a juros baixos”, afirma.
A educadora diz ainda que as mulheres representam 70% dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), são as mais afetadas pela falta de vagas em creches e as mais preocupadas com a qualidade do ensino nas escolas municipais.
Ela acrescenta: “São as mulheres que mais precisam de uma rede de apoio contra a violência doméstica e nas ruas; são as mulheres que mais se preocupam com as oportunidades de trabalho e renda para seus filhos. Uma prefeita e uma vice atuando juntas aproximam a prefeitura deste olhar, que acolhe e cuida”.
‘Continuar quebrando barreiras’
Em resposta à Rede Lume, a professora Maria Tereza, nascida em Guiratinga (MT) e secretária de educação de Londrina entre 2016 e 2024, considera importante o aumento da participação de mulheres na eleição para o Executivo.
“Hoje no Brasil temos governadoras, senadoras, prefeitas. Já tivemos mulheres como presidente do Supremo Tribunal Federal e tudo o mais. Porém, na política, ainda percebemos algum preconceito”, declara. Para a candidata, trata-se de um preconceito sem sentido.
“As mulheres já demonstraram inúmeras vezes serem capazes de atuar em qualquer atividade que desejam. No entanto, na política ainda temos que continuar quebrando algumas barreiras”, acredita.
Pioneiras
A primeira vez que o nome de mulheres apareceu na disputa para cargo majoritário em Londrina foi em 1982. Maria Lucia Vitor Barbosa e Elaine Barreira de Araújo foram candidatas a vice-prefeitas Dalton Fonseca Paranaguá e Guilherme Masironi Neto, respectivamente.
Mas a participação feminina não se tornou constante nem crescente nos pleitos seguintes. Em 1988 houve mais uma candidata a vice – Rosemari Friedmann Angeli – e depois apenas no ano 2000.
Somente em 2004 Londrina teve sua primeira candidata a prefeita, a então deputada estadual Elza Correia.
De lá para cá, observamos um aumento no número de mulheres nas chapas para o Executivo. Em 2008, duas foram candidatas a vice, Francisca Soares da Silva (PV) e Maria Lúcia Ferreira Barbosa (PMDB).
Em 2012, Márcia Lopes foi a única mulher cabeça de chapa, pelo PT.
Em 2016, Sandra Graça e Flávia Romagnoli tentaram a prefeitura, sendo a primeira vez em que duas mulheres encabeçaram chapas. Flávia fez campanha, participou de debates, chegou a ser votada, mas teve a candidatura indeferida. Seus cerca de 800 votos, portanto, não foram contabilizados.
Em 2020 todas as candidaturas foram encabeçadas por homens, mas houve recorde de candidatas a vice. Além de Isabel Diniz, Sueli Rizzi saiu como vice de Júnior Santos Rosa (Republicanos), Inez Stlader de Barbosa Neto (PDT) e Fernanda Viotto de Márcio Stamm (Podemos).
Fonte: Rede Lume de Jornalistas