Evento, que integra a Jornada da Visibilidade Trans 2025, busca denunciar violação de direitos
Nesta quarta-feira (29), Dia da Visibilidade Trans, Londrina sedia a Marcha Trans Por Uma Vida Digna. A concentração está prevista para iniciar a partir das 18h30, em frente a Pernambucanas, no Calçadão. O cortejo está marcado para sair às 19h.
A atividade compõe a programação da Jornada da Visibilidade Trans 2025, idealizada pela Frente Trans em parceria com o projeto de extensão Práxis Itinerante, vinculado ao Departamento de Ciências Sociais da UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Ursula Boreal Lopes Brevilheri, doutoranda em Sociologia pela UEL, integrante do projeto, indica que a Marcha é um chamado para denunciar os múltiplos obstáculos que impedem as populações trans de acessar direitos fundamentais.
“Algumas pessoas acham que queremos ‘privilégios’, mas na realidade, o desejo de toda pessoas trans é este: viver uma vida digna, com direitos fundamentais como qualquer outra pessoa, condição que foi negada para os nossos ao longo de toda a história do Brasil. Reivindicamos o direito de acesso ao mercado de trabalho sem discriminação, o direito à educação, políticas públicas de saúde e segurança, acesso a cidade, todos estes não garantidos verdadeiramente à população trans”, afirma.
“Se uma travesti quer acessar o mercado de trabalho formal, é discriminada, as pessoas acham que o lugar dela é no subemprego, não dão trabalho, e as pessoas precisam sobreviver. Não é sobre nenhum tipo de acesso diferenciado, é sobre os direitos garantidos na nossa Constituição a toda pessoa. Nos indignamos que nossa população permaneça sem conseguir acessar serviços de saúde, sem conseguir adentrar ou acessar uma universidade, ter que viver uma vida como nem fosse ser humano. Temos direitos como todas as pessoas”, ela complementa.
No ano passado, 105 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. Apesar de o país ter registrado 14 casos a menos que em 2023, o Brasil segue, pelo 17º ano consecutivo, como o país que mais mata pessoas trans no mundo. Os dados são do Dossiê: Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024: da Expectativa de Morte a um Olhar para a Presença Viva de Estudantes Trans na Educação Básica Brasileira, da Rede Trans Brasil.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.