Com base na investigação, houve ganhos salariais reais para os 60% mais pobres e redução nos salários médios para os 40% mais ricos
Na última terça-feira (26), o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) publicou nova edição do Boletim Mercado de Trabalho: Conjuntura e Análise. O estudo “Desigualdade salarial no setor formal da economia brasileira: a importância dos componentes intrafirma, entre firmas e entre setores”, indica que houve uma queda de 20% na desigualdade salarial no setor formal entre os anos de 2007 a 2019.
Também segundo os dados até o fim do segundo trimestre de 2023, a taxa de desemprego segue trajetória de queda, atingindo 8% da força de trabalho brasileira. O número de pessoas desempregadas chegou a a 8,6 milhões em todo o país.
Porém, ainda de acordo com a pesquisa, a queda na taxa de desemprego não é uniforme entre todas as camadas da população. Entre as mulheres, o desemprego registrado no segundo trimestre de 2023 foi de 9,6%, e entre negros e indígenas foi de 9,5%.
O levantamento utilizou informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Segundo o Novo Caged, divulgado nesta quinta-feira (28), o Brasil criou 130.097 vagas com carteira assinada em novembro de 2023. O saldo de 130.097 foi resultado das 1.866.752 contratações e das 1.736.655 demissões em novembro. O setor de serviços foi o que mais criou vagas (92.620), seguido do comércio (88.706).
Os setores de indústria (-12.911), construção civil (-17.300) e agronegócio (-21.017) tiveram fechamento de vagas em novembro. O salário de contratação foi de R$ 2.021,73 em novembro. O valor é R$ 27,98 maior do que o registrado em novembro do ano passado, já descontada a inflação.
“Distintamente do que vem ocorrendo em vários países desenvolvidos, a desigualdade salarial no Brasil vem se reduzindo de forma sistemática e significativa no horizonte temporal das últimas décadas. Esse processo é particularmente notável no setor formal do país, que experimentou quedas expressivas em diversos indicadores de desigualdade salarial nesse período”, ressalta o documento.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.