Desde 2020, quase 54 mil crimes contra a dignidade sexual foram denunciados
“A violência determina o que é ser uma mulher”. A frase da jornalista Eliane Brum retrata o cotidiano de mulheres em todas as regiões do Brasil, que é o 5º país mais violento do mundo para mulheres, segundo levantamento da ONU (Organização das Nações Unidas).
Não à toa, dados da Secretaria da Segurança Pública do Paraná demonstram que os crimes contra a dignidade sexual não param de crescer no estado.
De acordo com a Lei n° 12.015, crimes contra a dignidade e liberdade sexual correspondem a ocorrências de estupro, violação sexual mediante fraude, assédio sexual, exploração sexual e tráfico de pessoas para fim de exploração sexual.
Em 2018, foram registradas 8.757 denúncias envolvendo tais violações no estado. No ano seguinte, 2019, o número saltou para 10.135 casos. Em 2023, as ocorrências bateram recorde: 12.703 crimes contra a dignidade sexual foram denunciados no estado, sendo 7.290 estupros.
Já em 2024, até novembro (último mês com dados disponíveis), 11.837 ocorrências foram anotadas, sendo 6.742 casos de estupro.
Isto quer dizer que, em média no último ano, 30 crimes contra a dignidade sexual foram contabilizados por dia no Paraná.
Entre janeiro de 2020 e novembro de 2024, foram identificadas 53.975 ocorrências desse tipo, sendo 32.521 delas casos de estupro.
Mesmo que os dados demonstrem um cenário extremamente grave, a tendência é que os números sejam ainda maiores, pois em casos de violência contra a mulher, a subnotificação é frequente.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.