A repressão à livre manifestação foi a marca do primeiro dia da consulta às comunidades escolares sobre o programa Parceiro da Escola. Ao longo do dia, a APP recebeu diversas denúncias de abusos de autoridade policial contra educadores(as), uma delas em Foz do Iguaçu, tendo como vítima a secretária executiva Educacional do Sindicato, Margleyse Santos.
A APP acionou o Tribunal de Justiça logo no começo do dia, depois receber denúncias de ações truculentas da polícia. “Informamos o Tribunal de Justiça solicitando que entrem em contato com o comando da PM, para que manerem o posicionamento, pois estão tratando com professores. Não somos bandidos, somos professores”, afirma a secretária de Administração das APP, Nádia Brixner.
“O que está acontecendo em Foz não é isolado. Isso já vem acontecendo em outras manifestações públicas que temos feito, em que sempre há ações truculentas da PM sobre nós, a mando o governo do Estado”, lamenta Nádia.
“Estamos vivenciando uma experiência desastrosa para a educação do Paraná, onde o governo do estado usa toda a máquina, não só da Secretaria da Educação, mas também da Segurança Pública, para vir para cima de professores e funcionários de escola que estão simplesmente dizendo: essa escola deve continuar sendo pública, ela não precisa de empresa privada”, analisa a dirigente.
O ataque ao direito de expressão de educadores em Foz aconteceu no colégio Almirante Tamandaré. Margleyse Santos conta que educadores(as) estavam na porta da escola com uma mesa e pirulitos “Vote Não” e a chefe do Núcleo de Educação quis tirá-los dali.
“Ela disse que não poderíamos estar nesse espaço conversando com a comunidade e que era para irmos para outro lugar. Nós resistimos, permanecemos ali e ela chamou a PM. Na primeira viatura que chegou uma policial abusou do poder, sendo bem agressiva na sua fala, dizendo que nós tínhamos que sair”, relata Margleyse.
Truculência
A dirigente disse à policial que estava com um advogado da APP no celular e que ele poderia explicar sobre a recomendação do Ministério Público do Trabalho, para que o governo do estado se abstenha de práticas antissindicais nas votações do Parceiro da Escola. “Ela disse que não queria conversar com ninguém por telefone e perguntou se o Ministério Público estava aqui para nos defender, que papel não diz nada”, conta.
Os policiais ameaçaram guinchar o carro de uma professora que estava estacionado em frente ao colégio, apenas porque tinha adesivos da campanha Vote Não. O carro foi retirado pela proprietária, mesmo estando estacionado regularmente.
Os PMs avaliaram que precisavam de reforço para “enfrentar” os(as) professores e uma segunda viatura chegou na porta da escola. “O policial conversou conosco, falei que nós tínhamos o direito de estar ali, citei que o artigo 5º da Constituição, que trata do direito à liberdade de expressão”, diz Margleyse. “Ele disse que poderíamos ficar, mas que a Seed vai fazer um processo administrativo contra nós professores”, completa.
Orientação
A atuação dos NREs se baseia em orientação emitida pela Seed na quinta-feira (5), para impedirem manifestações durante a consulta à comunidade sobre a adesão ao programa Parceiro na Escola, que prevê a terceirização da gestão em 177 estabelecimentos de ensino no estado. A Seed pretende impedir a distribuição de materiais de propaganda até nas áreas externas das escolas durante a consulta, que será realizada nesta sexta-feira (6), no sábado e na segunda-feira.
“Assim como nós temos nas escolas pessoas que estão conversando com pais, mães e estudantes para que votem Sim, nós também queremos a oportunidade para contrapor e colocar nossos argumentos e mostrar porque somos contrários à privatização das escolas, porque nós entendemos que entregar o dinheiro público para empresas privadas não significa melhorias na qualidade educacional”, afirma Nádia Brixner.
Fonte: Assessoria APP