Em meio a negociações por reajuste com o governo, servidores públicos se juntam a trabalhadores sindicalizados em marcha na capital federal
Enquanto negociam com o governo federal reajustes salariais, servidores públicos se somam, nesta quarta-feira (22), a trabalhadores sindicalizados na Marcha da Classe Trabalhadora, convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e centrais sindicais. A concentração será a partir das 8h, no estacionamento entre a Torre de TV e a Funarte, no Eixo Monumental.
A manifestação defende a valorização do salário mínimo e das aposentadorias, a correção da tabela de Imposto de Renda (IR) e a igualdade salarial entre homens e mulheres.
Também está na pauta a votação do projeto de lei complementar (PLC) 12/2024, proposto pelo Poder Executivo, que trata dos direitos dos motoristas por aplicativos. Os servidores ainda pedem atenção para a reconstrução do Rio Grande do Sul, que convive com as enchentes que já deixaram mais de 160 mortos.
Para os sindicalistas do estado gaúcho, além das medidas já anunciadas pelo governo Lula (PT) e das doações de pessoas físicas, empresas e sindicatos, é preciso manter o poder de compra da classe trabalhadora e envolver as entidades sindicais nos processos que venham a reconfigurar os direitos previstos nas convenções e acordos coletivos das categorias.
Segundo a CUT, estão ocorrendo, unilateralmente, por parte dos empregadores, “medidas altamente prejudiciais aos trabalhadores”, muitos deles atingidos pela calamidade ou situação de emergência.
Além das pautas centrais, os servidores públicos deverão levar para a marcha reivindicações específicas. Entre elas, destaca-se o arquivamento da proposta de emenda à Constituição (PEC) 32/2020 da reforma administrativa proposta pela gestão Jair Bolsonaro (PL). É alegado pelos servidores que a proposta “destrói os serviços públicos”.
As categorias também pedem que o governo conceda reajustes nas mesas de negociação. Técnicos e docentes de universidades e institutos federais, por exemplo, estão em greve e em processo de negociação aberto com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
“A realização da marcha vem a calhar em momento importante da greve na educação federal, em que teremos condições de realizar uma demonstração de forças de nossa mobilização e a urgência de atenção das pautas das categorias paralisadas”, disse Gustavo Seferian, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN).
Mudanças no trânsito
A manifestação deverá causar mudanças no trânsito na capital federal, a exemplo do que ocorreu na manhã de terça-feira (21), em razão da 24ª edição do movimento Grito da Terra Brasil, que reuniu cerca de 10 mil agricultores em Brasília. A mobilização cobrou por políticas públicas que contribuam para uma reforma agrária mais eficiente e pela valorização de uma alimentação saudável, com respeito ao meio ambiente e cuidado do planeta.
Na terça, duas faixas do Eixo Monumental foram ocupadas e ficaram fechadas para veículos e liberadas apenas para os participantes do ato, no sentido Esplanada dos Ministérios.
Devido ao ato, o trânsito na região teve engarrafamentos pela manhã, principalmente em vias como S1 e N1, Eixo Rodoviário – o Eixão –, W3 e Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig). Os motoristas que precisaram trafegar por esses locais tiveram de buscar rotas alternativas, em virtude da retenção do tráfego em diversos pontos.
Nesta quarta, deverá haver nova interdição, mas as autoridades de trânsito ainda não informaram se as mudanças serão apenas pela manhã ou durante todo o dia.
Reuniões com categorias de servidores
Nas últimas semanas, o governo tem conduzido reuniões com as mesas setoriais de cada categoria. Na terça-feira (21), foi a vez dos servidores técnico-administrativos em educação (TAEs). O governo tem dito aos servidores da educação, tanto os técnicos quanto os docentes, que não vai mais negociar contrapropostas e quer assinar acordos até meados do ano.
Os servidores, por sua vez, esticam a corda e mantêm as greves, causando paralisia nas instituições públicas de ensino superior. A categoria docente federal deflagrou greve no dia 15 de abril. Desde então, mais de 50 instituições da base do Andes aderiram à paralisação.
Outra categoria também mobilizada é a dos agentes ambientais. No início do mês, profissionais do Ministério do Meio Ambiente, que hoje engloba o Serviço Florestal, uma secretaria da pasta; do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e do Instituto Chico Mendes De Conservação da Biodiversidade (ICMBio) flexibilizaram sua contraproposta na tentativa de chegar a um acordo com o governo e aguardam retorno da negociação.
Fonte: Metrópoles