Por Venancio de Oliveira
Segundo a FAO, 61 milhões de brasileiros enfrentaram dificuldades para se alimentar entre 2019 e 2021. Isto é, voltamos ao mapa mundial da fome, sendo que no começo do século, depois de políticas distributivas compensatórias e com o ciclo de crescimento, obtivemos melhoras constantes nesses indicadores. No entanto, principalmente no governo Bolsonaro, voltamos ao vergonhoso mapa da fome. Mas como podemos comer bem, se o leite já está batendo na casa dos R$ 10,00? O gás é caro. O feijão sobe. O arroz também.
Pois é, estamos cada vez na situação de trabalhadores pobres. Diferente do preconceito burguês, de que a pobreza é resultado da vadiagem, no Brasil, as pessoas trabalham quando podem e ganham muito pouco por isso. O desemprego diminuiu, porém, segundo o IBGE, temos cerca de 30,7 milhões de pessoas que estão subutilizadas. São pessoas que estão desempregadas, querem trabalhar mais que podem e/ou desistiram de procurar emprego. Segundo o Caged, do Ministério do Trabalho e Previdência, temos que o salário médio dos contratados em maio de 2022 foi de R$ 1.898, no mesmo período do ano passado, o valor foi de R$ 2.010. Assim, temos que os novos empregos gerados são em pior situação, quando se arruma, já que o desemprego continua alto. Ganhamos pouco e pagamos caro pela comida.
Por isso é que no Brasil há fome, pois a economia se baseia na desigualdade e na geração de empregos precários. Dessa maneira, há trabalhadores e trabalhadoras com dificuldade de comprar o básico, assim como, uma estrutura atualmente em crise que oferece poucos e péssimos empregos. Há um modelo econômico que gera pobreza baseado na lógica hiper-neoliberal. Por um lado, o Estado se ausenta da economia, por outro, as riquezas que produzimos (alimentos e energia) são apropriadas por um pequeno grupo de pessoas, seja os acionistas da Petrobrás, o agronegócio, a Friboi, etc., que vendem caro e se enriquecem com nossa fome. Além de retomar políticas de distribuição de renda que impactem estruturalmente na desigualdade do país, precisamos mudar o modelo econômico e pensar em políticas populares e produtivas de geração de empregos por universalização dos serviços públicos.