Por Venâncio de Oliveira
No último debate da Band, além de vermos as falácias e mentiras de Bolsonaro, que pinta um país inexistente, também fomos obrigados a ouvir as novas (velhas) panaceias liberais dos candidatos nanicos, seja na versão de Soraya, Tebet ou Felipe D’Ávila. Por outro lado, Ciro e Lula trouxeram algo sobre a importância de políticas públicas, mas, o anseio do primeiro em ser presidente do Brasil e sua falta de análise sobre classes sociais, o fazem um candidato rancoroso, que não compreende a necessidade de unidade na atual conjuntura do Brasil.
No entanto, meu objetivo não é falar sobre Ciro e Lula, mas analisar as panaceias liberais dos nanicos e de como se eles ganhassem, o país seria péssimo. Se, por um lado, o liberalismo de Bolsonaro é inconsequente e destruidor e ameaça à democracia, o que pode fazer o país ser incomensuravelmente pior com mais um mandato de ódio, as panaceias dos nanicos promoveriam um retrocesso na economia brasileira.
Felipe D’Ávila e sua utopia privatizadora e a ideia de que o ‘mercado resolve tudo’ beira ao ridículo, só lembrar que quem desmata é o mercado, pois vê lucro em ‘vender tudo que temos para o exterior’. Assim, água, terra e outros recursos naturais viram mercadorias a serem exportadas, é carne, soja e madeira para consumo do estrangeiro. O aspecto positivo é que ele foi ignorado sistematicamente pela audiência.
O mais perigoso foi a tabelinha entre Soraya e Tebet sobre os assuntos de saúde e educação, querendo passar alguma uma ideia de racionalidade. O que elas não explicitaram, em sua defesa da oferta complementar de saúde e educação, na falácia de que ‘o SUS é ruim’ e ‘é bom apenas no papel’, é que elas preferem um sistema privado de oferta desses serviços. Isto é, elas maquiaram a privatização de boa retórica. Primeiramente, o sistema privado só aumentaria a oferta desses serviços com incremento de preço em relação ao atual, gasto pelo poder público, e se o Estado não estiver disposto a pagar esse preço adicional, haverá pressão para formas de cobrança no SUS e na educação pública.
Nesse sentido, retrocedemos à ideia de serviço público pago. Ao mesmo tempo, o sistema privado é mais ineficiente que o público, por exemplo, ele cobra mais por consulta médica e infla seus preços, buscando transformar todos os problemas de saúde em problema de média complexidade, exigindo operações complicadas, onerando os cofres públicos. O problema do SUS é o financiamento e a competição com o sistema privado. Dessa maneira, os planos de saúde e lobby da saúde privada não querem um sistema público eficiente, pois a ambição desenfreada com o lucro é uma trava para aliar oferta de qualidade com preço baixo.
E, a educação? Colocar o ensino médio e fundamental na mão de universidades privadas e de escolas privadas, comprando vagas públicas, onera o cofre, tornando-a mais obsoleta. Ao mesmo tempo, as atuais experiências aqui do Paraná, de parcerias com empresas como a Unicesumar para ensino técnico, demonstram que essas empresas não se importam com alunos pobres, nem com conteúdo emancipatório ou inovador. É só na escola pública, com direção eleita democraticamente, que há liberdade de cátedra e de prioridade em critérios sociais para a educação das crianças, etc.
Enfim, além do imposto único como solução mágica, esses nanicos estão preocupados com os ricos, foram míopes para as transformações que o país teve, com a garantia de direitos para empregadas domésticas e a interiorização das universidades públicas. Pois, um país com direitos encarece o trabalho de seus serviçais. Assim, eles estão do lado dos que ganham com a superexploração do trabalho.
É preciso defender os serviços públicos e a importância de unidade em torno da derrota, desde o primeiro turno do fascismo social e do programa neoliberal que é corrupto, pois usa dinheiro da Petrobrás para enriquecer seus acionistas, enquanto a população come osso e paga mais de R$ 100 reais no gás.